segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Imagem: google


O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.

Cecília Meireles

domingo, 28 de novembro de 2010

Imagem: google


Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

John Lennon

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Clarice Gonçalves


Quando ví as obras dessa jovem artista, fiquei encantada.

Clarice Gonçalves nasceu em Brasília em 1985, bacharel em artes plásticas pela Universidade de Brasília.Vive e trabalha em seu ateliê, em Taguatinga (DF). Recentemente foi convidada a realizar uma residência artística no Centro de Artes de Marnay, na França e já fez várias exposições em 2010.

A seguir algumas de suas obras.


























quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Traduzir-se

William Stephen Coleman


Traduzir-se
Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010



"Choro se choram perto de mim, mas se começam a voar, saio voando junto."

Lygia Fagundes Telles

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nossas escolhas

Lauri Blank


A nossa vida é feita por escolhas. Todos os dias fazemos escolhas, decidimos algo, optamos por este ou aquele caminho. São estas escolhas que moldam o nosso futuro. Não estou falando de um futuro distante, mas de algo bem mais próximo, como o dia de hoje ou amanhã, por exemplo. São de pequenas escolhas que fazemos, de pequenos detalhes, que fazemos a nossa vida ser como ela é.


Eu já havia dito anteriormente que acredito em destino, em coisas que são predestinadas a acontecer. Mas acredito também que todo o restante da nossa história cabe a nós escrevermos. A nossa casa, o nosso trabalho, casamento, namoro, estudo: tudo gira em função das nossas escolhas.

O hoje é resultado do que fizemos ontem e o amanhã será resultado do que fizemos ontem com o que fizermos hoje. É uma equação simples:


AMANHÃ = HOJE + ONTEM

Então, para concluir: a única maneira de fazer com que o amanhã seja melhor do que hoje e ontem, é rever as nossas escolhas. Ver o que foi feito de errado e fazer de forma diferente. Não adianta apenas reclamar da sorte, xingar a Deus e ficar rabugento pro resto da vida. E o mais importante de tudo: agir. Mas isso já é outra história.

domingo, 21 de novembro de 2010

Wladimir Kush


Amor E Sexo
Composição: Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...

Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema..

Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...

O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...

Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...

Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!




Então Charlie Brown

…o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.
... acho que isso é amor.

sábado, 20 de novembro de 2010

Negro Rei

Imagem: Google


Composição: Toquinho / Paulo César Pinheiro

O negro foi rei, foi soberano,
Feroz caçador, grande guerreiro
Na terra natal, solo africano,
Exímio artesão e feiticeiro.
Até que com bota a meio cano
Chegou o invasor aventureiro.
Navio-negreiro no oceano,
O negro se foi pro cativeiro.

Foi preso na argola da senzala
Com marca de dono a ferro quente.
Porém cada vez que o açoite estala
O negro só fica mais valente.
Encara punhal, chicote e bala,
Zumbi dos Palmares vai na frente,
E ao som do tambor que não se cala
A espada de Ogum quebra a corrente.

A lei da princesa acaba a guerra
Mas livre ele fica no abandono,
Primeiro trabalhador sem terra
Já que toda a vida foi colono.
Mas como Palmares, lá na serra,
Não tem feitor, não tem mais dono,
E a história do negro não se encerra
Pois quem já foi Rei não perde o trono.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Pensamento

Steven Kenny


"Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento."

Arnaldo Antunes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Um Sonho

Wladimir Kush


Um Sonho
Composição: Godofredo Guedes

Sem astros e sem vagalumes
A noite refletia a terra
Em sinistro negrume
E ao longe o som do vento
Era ameaçador
Incutindo na alma
O germe do pavor
Mas quando naquela ansiedade
Eu pedi aos céus por piedade
Uma luz, um clarão
De repente uma voz se ouvia
Dentro da noite sombria
Soluçando esta canção

Acorda amigo meu acorda
Do grande pesadelo em que estás
Não vês que o sonho é ilusão
Que nos maltrata o coração
E que nos faz a alma padecer
Às vezes um sono tranquilo
Ao invés de deixar-nos alegres
Nos deixa a saudade pungente
De um bem que mesmo longe, ausente
Nunca podemos esqueçer.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

William Bouguereau

Adolphe-William Bouguereau, pintor francês, nasceu em La Rochelle no ano de 1825 e morreu na mesma cidade em 1905, dedicando-se à pintura neoclássica, ou academicista.




Logo após sair da Escola de Belas Artes de París, em 1850, conquistou o Prêmio de Roma, pelo seu quadro histórico "Zenóbio".



Mais tarde, como professor na mesma escola, se opôs firmemente aos pintores impressionistas, especialmente a Edouard Manet (1832-1883), colocando-se como um dos defensores intransigentes da pintura acadêmica.



Sua técnica incontestável, sua maneira suave e minuciosa, podem ser observadas em toda a obra, podendo-se destacar, a título de exemplos, O Nascimento de Vênus (1879) e A virgem e os anjos (1900).



O academicismo (ou neoclassicismo) nos remete ao estilo pictorial da Idade Média (Arte Românica e Gótica) e ao Renascimento, embora a pintura acadêmica tenha sofrido sensíveis alterações com o transcorrer de vários séculos. Mas ainda é possível ver, nos quadros de Boguereau, a semelhança extraordinária de suas mulheres com as Madonas de Rafael; em seus anjos, a lembrança de Michelângelo.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tamara De Lempicka


Pedaço de Mim
Composição: Chico Buarque

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cena do filme Diário de uma Paixão


Descobri que no homem três coisinhas são muito importantes:
Coragem:- sem ela ele se torna covarde, o que é "brochante" demais;
Iniciativa:- sem ela ele demonstra preguiça, e que parece na maioria dos casos uma doença;
Interêsse:- se não houver, tudo inclusive o dito cujo torna~se desinteressante.

sábado, 13 de novembro de 2010

"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste
em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos."

Marcel Proust

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Steve Hanks


"Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar"

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Bilhetes

Constantin Hansen


Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura. Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos. E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços. E estreitar distâncias. E encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez). Uns escrevem grandes obras. Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas.

Rita Apoena

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Greg Spalenka


" Meu jeito de cuidar da vida é não fazer tumulto, não chamar atenção, mas a vida em si causa muito espanto, não há como resguardá-la de tempo e vento. Nós passamos pela relojoaria com os novos modelos que parecem pulseiras, sem ponteiros e sem números. Mas, no alto, um antigo, daqueles de parede, abria, fechava, o relógio fazia estardalhaço, brincava com nossa perecível condição humana. "


Irene Vieira

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A canção do tédio

Iman Malek


Anda uma estrela pelo céu,
sozinha, arrastando um véu
de viúva.
- É a chuva.

Rola um soluço leve no ar,
bem longo no seu rolar,
bem lento.
- É o vento.

Perpassa o passo oco de algum
fantasma, quieto como um
segredo.
- É o medo.

Batem à porta. Abro. Quem é?
Uma alta sombra, de pé,
se eleva.
- É a treva.

Mas, desde então, alguém está
comigo. É inútil. Não há
remédio.
- É o tédio.

Guilherme de Almeida

domingo, 7 de novembro de 2010

Noite de Paz

Chelin Sanjuan Piquero


Dá-me, Senhor
Uma noite sem pensar
Dá-me Senhor
Uma noite bem comum
Uma só noite em que eu possa descansar
Sem esperança e sem sonho nenhum
Por uma só noite assim posso trocar
O que eu tiver de mais puro e mais sincero
Uma só noite de paz pra não lembrar
Que eu não devia esperar e ainda espero.

Dolores Duran

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vladimir Volegov


A vida não para pra gente descansar ! Se fosse só ruim ninguém aguentava e morria logo, fosse só bom ninguém reclamava, mas é bom e ruim, é despedaçado, contí­nua e infinita fragmentação .

Adélia Prado

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Andrew Wyeth


Andrew Wyeth nasceu 12 de julho de 1917 em Chadds Ford, Pensilvânia.  Ele era o caçula de cinco filhos.  Andrew era uma criança doente e por isso sua mãe e seu pai tomaram a decisão de tirá-lo da escola depois que ele contraiu a tosse convulsa.
Foi um pintor realista estadunidense, também conhecido por fazer artes regionalistas. É um dos mais conhecidos pintores norte-americanos do séc.XX e algumas vezes é referido como o "Pintor das Pessoas", devido à sua popularidade com o público norte-americano. Ele é filho do ilustrador e artista N. C. Wyeth, e irmão do inventor Nathaniel Wyeth e do artista Henriette Wyeth Hurd, e pai dos artistas Jamie Wyeth e Nicholas Wyeth.
Faleceu no dia 16 de janeiro de 2009 em chadds ford, Pensilvânia.

Algumas de suas obras:










































Um Visitante

 
Imagem: O Senhor dos Anéis


Quem escreve
é um visitante

Chega nas horas da noite
e toma o lugar do sono
Chega à mesa do almoço
come a minha fome

Escreve o que eu nem supunha
Assina o meu nome

Eunice Arruda